O carro flexível em combustível, ou simplesmente flex, nasceu nos Estados Unidos bem no começo dos anos 1990. O motivo de os americanos partirem para essa solução, a de poderem abastecer seus carros com etanol (álcool etílico) em vez de gasolina, é a enorme dependência do petróleo produzido pelos países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), como Arábia Saudita, Irã, Iraque e Kwait, todos na conturbada região do Golfo Pérsico. Essa dependência, que hoje já passa de 50%, é uma situação nada confortável para um país que nunca sofreu ameaças de qualquer espécie e que consome mais de 550 bilhões de litros de gasolina por ano.
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Seus Fabricantes
Os principais fabricantes de lá passaram a oferecer veículos que chamaram de flexible-fuel vehicles (FFV), capazes de rodar tanto com gasolina quanto com etanol contendo 15% de gasolina. Esse etanol é comercializado com o nome de E85, justamente por ser composto de 85% de etanol e 15% de gasolina. O motorista poder abastecer com gasolina ou com E85.
O grande problema do E85 é não estar disponível nacionalmente nos EUA e o número de postos que vende o combustível ser ainda muito pequeno, mal passando de 1.000, um número ínfimo se comparado aos 170.000 postos daquele país. Por essa razão, a única saída tinha mesmo de ter sido a criação do automóvel que pudesse usar gasolina e álcool, para que os mais interessados em usar o combustível alternativo não fossem prejudicados ao não encontrá-lo.
Diferencial para o Planeta
Mais recentemente, a questão do aquecimento global pelo efeito estufa, em que uma das causas mais prováveis é o excesso de produção de dióxido de carbono (CO2), um dos gases responsáveis pelo efeito e que são oriundos da queima de combustíveis de origem fóssil, deu novo impulso ao etanol. Um motor que queima gasolina, se alimentado com etanol e devidamente ajustado, produz cerca de 10% de CO2 a menos.
A matéria-prima básica do etanol americano é o milho, cuja maior produção está na região do Meio-Oeste daquele país, que compreende os estados de Indiana, Iowa, Minnesota, Missouri, Ohio e Wisconsin.
Carros flex não devem ser chamados de “bicombustíveis”, como se ouve bastante, uma vez que tanto a gasolina quanto o E85 são colocados no mesmo tanque. Só é bicombustível, por exemplo, um automóvel alimentado por gasolina e por gás natural veicular, em que cada combustível tem seu próprio reservatório de armazenamento no veículo.
O Que ele tem de Diferente?
Basicamente o chamado “motor flex” nada mais é que um motor que já existe com mais sensores e sistema de injeção e ignição que se adaptam a cada tipo de combustível e em alguns houve alterações no cabeçote e pistões, de forma a aumentar a taxa de compressão e ser mais eficiente, principalmente no etanol. Além disso, na maioria deles há um “tanquinho” de gasolina para partidas a frio, quando abastecido com etanol.
Como Saber se Vale a pena Abastecer com Etanol ou Gasolina?
Repetida como um mantra, a “continha dos 70%” não serve pra todos os carros, ela é baseada na teoria de aproveitamento e rendimento de cada combustível. Mas cada carro aproveita melhor um combustível do que outro e essa conta deve ser feita da seguinte maneira:
- 1-encha um tanque com gasolina e rode normalmente pelo seu percurso diário. (por ex. ir e voltar do trabalho).
- 2-encha ele novamente com gasolina, preferencialmente no mesmo posto, bomba e da mesma forma (no 1º clique da bomba pressionando a mesma na metade do curso, por exemplo) e divida a quilometragem percorrida pela quantidade de combustível abastecido.
- 3-anote o valor do consumo. Espere este tanque chegar bem próximo do fim e o complete com álcool, para repetir o mesmo procedimento sem interferência considerável de gasolina no tanque.
Dá certo trabalho, mas você terá a proporção exata dividindo o consumo no álcool pelo da gasolina. Já vi alguns chegarem a 73,5% e outros a 54%.
Motor Flex dura Menos?
Mentira. Como um motor todo retrabalhado para trabalhar com etanol e gasolina, em que até mesmo suas peças sofreram modificações em sua fabricação para resistirem ainda mais à corrosão do nosso etanol, pode durar menos que um feito só para gasolina? Este mito tomou força depois dos problemas que ocorreram por uso prolongado de etanol, que será explicado na próxima questão.
EconoFlex
O primeiro motor Econo.Flex foi projetado com base no motor 1.4 litro gasolina, utilizado nos modelos Celta Energy. Com a missão de equipar o Prisma, o novo propulsor foi reprojetado e transformado em bicombustível. Nesse momento, já contava com avanços tecnológicos e recebeu novos componentes que proporcionaram o desempenho de quase 100 cavalos de potência quando abastecido com álcool.
Pouco tempo depois, o motor passou novamente por reestruturações que o deixaram ainda mais potente, dessa vez debaixo do capô do Corsa e da Montana 1.4, alcançando os 105 cv no álcool. A engenharia da GM afirma que são dois motores distintos: “não é o mesmo motor, os valores de torque, potência e consumo são diferentes, além disso, os mais recentes ganharam novos componentes mais leves e menores”, explica Roberto Yano, gerente de Engenharia de Motores da LAAM.
Injeção Bicombustível
O sistema de injeção eletrônica de combustível é da Delphi, do tipo Multec MT27e para os três modelos, alterando apenas o software e as calibrações. O acelerador é eletrônico do tipo Drive by Wire nos veículos Corsa e Montana. O sistema é auto-limpante, ou seja, não requer a limpeza dos bicos injetores. Para verificar se o sistema apresenta irregularidades, o técnico precisa fazer a análise com um aparelho de diagnoses.
“O grande problema que pode danificar os bicos injetores é a gasolina ou álcool de má qualidade ou adulterado com solvente ou água, ingredientes que podem comprometer o motor. Nesses casos, a solução é trocar os bicos injetores, depois da análise do scanner”, completou Yano.
http://www.youtube.com/watch?v=pPepMes-ICgVale lembrar que o plano de manutenção preventiva dos carros está descrito no manual do proprietário e deve ser seguido rigorosamente, assim o motorista vai ter um carro que atende a todas as suas expectativas de desempenho e de preservação do meio ambiente.