Especialistas como Samy Dana, PHD em Business, apontam que o crescimento da classe média brasileira está relacionado com o crescimento da procura de imóveis e carros luxuosos.
Este aumento está aliado com o estímulo ao crédito e alta liquidez existentes em níveis mercadológicos. Os novos riscos ao invés de comprarem ativos reais preferem status. Não se pode ignorar o fato de que quase nunca existe bom negócio quando o coração é levado na frente à razão.
O mercado brasileiro impõe o próprio estado de natureza quando se movo por vaidade dos agentes que apenas apreciam o status atrelado ao bem e não a condições de ativo. Além do orgulho de ser bem sucedido existe a suma necessidade de demonstrar as conquistas no sentido de encontrar o ápice pessoal.
Em 1651 Thomas Hobbes divulgou à Europa o conceito de estado da natureza configurado por paixões universais de orgulho e medo, que exigiam de modo imediato a criação de Estados protetores.
Quando levado ao pé da letra o conceito de Hobbes ao analisar o mercado brasileiro se pode considerar que a nova classe média deseja ter um bem considerado escasso para ter o símbolo da ascensão social. Montadoras sabem disto e por consequência aumentam preço esperando conquistar maior número de clientes exclusivos.
Motivos Para Preços Excessivos De Carro No Brasil
Além de ter preço superior em grande parte das vezes os veículos fabricados no Brasil não possuem as mesmas características existentes nos comercializados lá fora. Vale ressaltar o estado de natureza não representa a principal motivação para os preços no mercado serem considerados excessivos no território nacional. Existem outras causas diversas, tais como:
- Carga Tributária
- Mão de Obra
- Logística
- Preço da Matéria-Prima
- Falta de competitividade
- Demanda crescente
- Consumidores que exigem pagar mais pela exclusividade
- Poder cambial da moeda
Por estes e outros motivos os brasileiros pagam mais do que o dobro do que americano, ingleses, alemães ou japoneses para comprar carro. Interessante notar que enquanto as taxas referentes à carga tributária não passa da casa dos cinco por cento, no Brasil ultrapassa os trinta por cento. Isso acontece porque junto dos cálculos surgem os impostos diretos, caso do IPI, PIS e ICMS.
Em alguns casos a mordida pode esbarra em quarenta por cento, excessivo ao extremo quando compara com a existente em países como Japão e Alemanha, com carga tributária entre 9,1% e 16%, visto que a taxa alemã está entre as mais altas da Europa!
Queda Do IPI
Medida paliativa aconteceu quando o governo reduziu o IPI no sentido de alavancar o mercado de veículo e por consequência evitar com que aconteçam demissões em larga escala geradas por montadoras estabelecidas no território brasileiro.
Críticos apontam que ao abaixar a alíquota em quase sete pontos percentuais o poder público cria benefício considerado transitório e que na prática ao resolver o conhecido problema de alta carga tributariam que emperra o desenvolvimento da indústria nacional.
Com o incentivo concedido por poder público as montadoras trabalham a todo vapor, inclusive importando peça de fábricas estabelecidas em outras regiões com produção e consumo de bens duráveis parados em virtude dos efeitos da crise econômica mundial que explodiu na segunda metade da primeira década dos séculos XX.
O mercado sentiu os efeitos quase que de modo instantâneo. No começo de 2012 aconteceu retração de 4,3% produção das montadoras. Entre junho e agosto, pouco depois de anunciadas às medidas protecionistas, a fabricação crescer para 36,3. Até o final de outubro, quando a renúncia fiscal acabar, o governo vai deixar de arrecadar cerca de dois bilhões de reais.
Luiz Carlos de Melo (diretor do CEA – Centro de Estudos Automotivos – e ex-presidente da Ford Brasil) aponta que nenhuma montadora tem alto poder sobre a economia do país, mas mesmo assim elas continuam pressionando o governo que concede espaço sem reivindicar.
Embora ganhe em curto prazo por causa da antecipação das vendas a indústria automotiva perde ao longo período porque não conseguem buscar os remédios precisos para aumentar a eficiência, afirma o presidente da Fiat do Brasil e da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores.
Especialistas apontam que a indústria automotiva representa uma das mais importantes e influentes no Brasil, correspondendo a pouco mais de vinte por cento do PIB (Produto Interno Bruto) industrial, o que equivale a cinco por cento no PIB total.
A ANFAVEA aponta que entre 2002 e 2012 o mercado automobilístico cresceu em cerca de 150%. De fato o governo não pode fazer o que bem entende porque podem existir consequências diretas. Para ter uma noção de como o poder está concentrado é necessário realizar análises os números do mercado de trabalho. GM, Ford, Volkswagen e Fiat dominam a geração de emprego a três décadas, concentrado 98% da força de trabalho.
Mesmo com a diminuição na participação relativa à carteira de trabalho as quatro grandes do mercado não encolheram. Pelo contrário, desde os anos oitenta do século passado até o início da segunda década do século XX elas apresentaram crescimento triplo.
Dentro do mercado mundial as maiores montadoras possuem cerca de trinta por cento do mercado, conforme afirma a consultoria IHS Global Insight. Por este motivo pode existir certa problemática de concorrência que provoca aumento dos preços em ritmo acelerado e desproporcional.
Os carros produzidos em outras regiões são melhores e mais baratos não por causa da bondade existente nas linhas de produção da indústria, mas sim porque no exterior a legislação possui maior força.
Por exemplo, nas principais potências econômicas do mundo é proibido vender carro que não tenha direção hidráulica, AIR BAG e freios ABS. No Brasil o requisito apenas será indispensável no ano de 2014.
O professor do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, Mauro Zilbovicius, afirma que as indústrias brasileiras estão devastadas no aspecto tecnológico.
O mesmo especialista apontam que as empresas não estão preocupadas em trazer a melhor parte das matrizes e por consequência preferem explorar projetos e planos de veículos antigos, que possui investimento amortizado.
Artigo Escrito por Renato Duarte Plantier