João Augusto Conrado do Amaral Gurgel sonhava com um carro genuinamente brasileiro. Em 1949 e em 1953 ele se formou, respectivamente, na Escola Politécnica de São Paulo e no General Motors nos Estados Unidos. Começou produzindo karts e míni carros para criança até que em 1969 fundou a Gurgel Motores, uma empresa de automóveis com capital 100% brasileiro. Seu primeiro modelo foi o Ipanema, um bugue que utilizava chassi, motor e suspensão Volkswagen.
Seu principal produto, o Xavante, foi lançado em 1973 e foi um enorme sucesso, tornando-se o principal produto da empresa durante toda a sua trajetória. O Xavante agradou tanto aos brasileiros que o exército fez uma enorme encomenda, gerando uma versão militar desse veículo exclusiva para eles.
A Gurgel foi o primeiro exportador na categoria veículos especiais e o segundo em produção e faturamento nos anos de 1977 e 1978, onde cerca de 25% da produção seguia para fora do Brasil. O Gurgel Trade Center, sua unidade de negócios, era situada em São Paulo e possuía um escritório executivo, um grande salão de exposição e um centro de apoio técnico aos revendedores.
Em 1974 foi apresentado o Itaipu, um projeto de carro elétrico para uso urbano e com dois lugares que usava baterias recarregáveis em qualquer tomada convencional. O que impediu este projeto de dar certo foram as baterias, cuja durabilidade, capacidade e peso eram, e ainda são, um problema. O segundo projeto de carro elétrico veio em 1980 com o Itaipu E400, um furgão. A bateria, novamente, foi o principal problema deste modelo, com uma autonomia de 80 quilômetros e a recarga que durava por volta de 7 horas em uma tomada de 220 volts.
A empresa possuía 10 modelos em 1980 e todos poderiam ser fornecidos com motores a gasolina ou etanol. Devido ao modo de se adquirir o etanol, o engenheiro acreditava que faria mais sentido utilizar as terras para plantar alimentos para a população ao invés de utilizá-las para o consumo de veículos, dando um fim as versões a etanol na marca posteriormente.
Com as multinacionais conquistando o mercado nacional, a Gurgel pediu concordata em junho de 1993, devido à quantidade de dívidas que foram feitas. Foi solicitado ao governo federal um financiamento de US$ 20 milhões e, após este pedido ser negado, chegou ao fim no final de 1994.
O empresário Paulo Emílio Lemos descobriu através do site do INPI que a marca Gurgel estava sem dono desde 2003 e a registrou em seu nome em 2004, o que acabou gerando atritos com a família Gurgel. Neste mesmo ano foram lançados dois veículos, um triciclo agrícola e uma empilhadeira. Embora agora possua outro foco, já há novos modelos com produção efetiva na Gurgel Motores do Brasil.