Carros da Ford e da Volkswagen – A Autolatina

Ter um carro sempre foi o sonho de muita gente. Isso porque, a liberdade que é condicionada para quem possui um carro é absurdamente grande. Isso quer dizer: não depender do transporte público, comodidade para ir e vir quando e onde quiser, conforto na hora de se dirigir a algum lugar e, claro, a sensação prazerosa que é dirigir para algum local.

E, pensando nisso, a indústria automobilística se desenvolveu a tal ponto que, atualmente, é uma das principais atividades econômicas de todo o mundo. Vários são os gigantes dos automóveis, e, em cada um desses gigantes, existem milhares de ofertas de modelos de automóveis com uma tecnologia e acessórios que enchem os olhos de qualquer fanático por autos.

Pode-se dizer que a fabricação de automóveis teve início das mãos do empresário Henry Ford que, nos idos do final do século XIX, iniciou a produção de um dos mais famosos modelos de automóveis: o Ford T, inaugurando um novo jeito de projetar e construir um carro: Por meio de Ford, foi implantada a linha de produção, um sistema que deixava mais rápido e fluído para a confecção de vários modelos de carros de uma só vez.

Como pode ver, a Ford tem um papel bastante significativo na indústria automobilística mundial, surgindo desde então, outras marcas de renome, como a GM, responsável por marcas como a Chevrolet e a Volkswagen, que é dona de um portfólio invejável.

Hoje, iremos relembrar uma das parcerias comerciais mais importantes que ocorreram no Brasil entre os anos 80 e 90: estamos falando da Autolatina. Veja, a seguir, o desenrolar dessa parceria que rendeu bons frutos tanto para os clientes quanto para a indústria:

A Autolatina: o Começo de Tudo

A Autolatina, uma das mais importantes indústrias de automóveis do país, nasceu de uma joint-venture promulgada entre a Ford, montadora estadunidense, com a Volkswagen AG, companhia automobilística alemã que teve origem nas mãos do ditador Adolf Hitler. A sua confecção tinha como objetivos principais a diminuição de custos de operação entre as montadoras, além de promover uma troca de pelas e materiais pertinentes aos projetos e montagem dos veículos.

Os primeiros esforços para o início da operação da Autolatina foram dados durante a década de 1980. Ela saiu do papel em 1987, mas só começou a operar, de fato, em 1990, por conta de aspectos burocráticos. Vale lembrar que, em 1980, o Brasil sofria uma grande retração na economia, e, para piorar, a sua participação em exportação de veículos era bastante irrisória. Embora não tenha sido concebida para essa finalidade – que era de recuperar o mercado automobilístico brasileiro- a Autolatina acabou tendo um protagonismo no reerguimento desse nicho de mercado.

Embora o acordo entre Ford e Volkswagen incitavam o compartilhamento de peças e até mesmo de plataformas entre os carros, esse não delimitava a produção dos carros de ambas as marcas. Ou seja, apesar desse apoio de produtos entre as marcas, elas tinham liberdade de lançar carros em sua própria marca, e não no da Autolatina.

Mas, já que não havia um padrão a se seguir, qual era a função da Autolatina afinal? Segundo os diretores de ambas as montadoras, a Autolatina tinha por objetivo reduzir os custos de produção das montadoras, e, consequentemente, abaixar o preço ao consumidor final, isso sem atrapalhar a qualidade dos produtos, que só viria a aumentar devido ao compartilhamento de peças. Por exemplo, um Gol poderia vir com um motor produzido pela Ford – e o mesmo poderia acontecer inversamente, com um Escort, hatch médio produzido pela Ford na época e que foi um sucesso de vendas vir com um motor fabricado pela Volks.

E, como já dito anteriormente, o compartilhamento de projetos também era bastante visível na Autolatina. Isso pode ser percebido em modelos lançados pelas montadoras que, de tão parecidos, somente a logomarca estampada nos carros que diferenciava uma marca da outra.

Um exemplo disso são os carros Volks Apollo e Ford Verona. Possuindo apenas pontuais diferenças, os modelos das montadoras podem ser considerados como os porta-vozes da Autolatina enquanto ela estava em ativa no Brasil.

A Autolatina e Seus Problemas

Embora a parceria tenha rendido frutos, muitos foram os problemas envolvendo a joint-venture. Isso porque, embora o processo de união das duas montadoras parecia ser sereno, muito conflito de interesse passou a vigorar nas plantas da Autolatina, já que, mesmo com essa parceria, ambas as montadoras procuravam agarrar um nicho de mercado, o que dificultava uma troca mais sólida de conhecimentos técnicos e de projetos, o que inviabilizavam o crescimento de parte da Autolatina.

Quando da criação da Autolatina, ficou decidido entre as montadoras que a Ford iria deter 49% das ações, sendo os 51% restantes pertencentes às Volkswagen, o que outorgava à montadora alemã a posição de sócia majoritária.

Já no início de sua operação, em 1990, a criação dessa joint-venture começou a ser questionada por parte de seus administradores. Isso porque, enquanto uma montadora queria dar prioridade a um projeto, a outra não concordava, o que ocasionava bastante transtorno aos presidentes das companhias. Por exemplo, a equipe técnica da Volks achava que já estava na hora de remodelar o Gol, que é, de longe, o modelo de carro da Volks mais comprado e conhecido de todo o mundo, para poder deixa-lo mais moderno. No entanto, a equipe técnica da Ford achava que isso era uma perda de tempo, achando que era necessária a concentração no lançamento de um novo modelo do Escort.

Para piorar a situação, o pessoal da Volks tinha a ideia de estar ganhando mais mercado que a Ford, já que, segundo eles, ela estava perdendo cada vez mais espaço. Ficou provado depois que, na realidade, as duas empresas estavam perdendo mercado por conta do lançamento de novas marcas no setor.

Por conta disso, foi-se decidida a dissolução da Autolatina, protocolada em 1994 e sendo executada até 1996, onde alguns funcionários puderam optar por ficar na Ford ou se mudar para a Volks (o vice versa também ocorreu). Findava aí um dos maiores e mais conhecidos conglomerados de montadoras de automóveis de toda a América Latina.


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Curiosidades

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